quarta-feira, 14 de abril de 2010

Literatura Portuguesa Contemporânea

Tema da palestra atrai intelectuais de diversas áreas

Marlene Gandra


No dia 8 de abril, às 19h, aconteceu no Teatro Gravatá, aqui em Divinópolis, Estado de Minas Gerais, Brasil, a palestra com o tema Literatura Portuguesa Contemporânea, proferida por Silvana Pessoa – Doutora em Estudos Literários pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Pós-doutorado pela Universidade de Lisboa – Portugal. Professora e pesquisadora em Literatura pela UFMG. A organização do acontecimento foi da Academia Divinopolitana de Letras, que tem como presidente o economista e escritor Célio Tavares.
A poesia portuguesa tem expoentes como Camões e Fernando Pessoa, mas nem só deles vive este tipo de literatura em Portugal. Segundo a palestrante Silvana, para traçar uma panorâmica seria mais interessante começar por Sá-Carneiro e Fernando Pessoa. “Os dois juntos com Almado Negreiros - pintor, escritor, poeta, dramaturgo português, falecido em 15 de junho de 1970 – fundam, em 1913, a Revista Orpheu, de grande expressão”, explana a professora.
Ela ressalta que o único livro que Fernando Pessoa (nascido em 13 de junho de 1888, em Lisboa, falecido em 30 de novembro de 1935 na mesma cidade) publicou em vida foi Mensagem. O extraordinário escritor usou heterônimos, sendo os mais famosos, Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, Ricardo Reis, fora os ortônimos. O autor escrevia compulsivamente, como se um espírito se manifestasse nele. Vinte e cinco mil páginas deixadas num baú.
Silvana afirma que os portugueses não têm preguiça de escrever e o público compra exemplares de inúmeras páginas. “Um calhamaço”, exclama.
Nas décadas de 30, 40 e 50 é que começaram a aparecer os leitores de Fernando Pessoa e tendências experimentalistas próximas às artes plásticas. “Reações que privilegiam a inteligência. Fernando Pessoa é a voz poética do século XX. Não apareceu outro que o suplantasse, materializou seus pensamentos. Encontrou um modo peculiar de falar das coisas do seu tempo”, expõe Silvana.



Contemporâneos



A palestrante,além de José Saramago, Prêmio Nobel, cita Sofia de Melo, que nasceu no Porto em 6 de novembro de 1919 e morreu em Lisboa em 2 de julho de 2004. Em 1999, ela recebe o mais importante prêmio da literatura portuguesa, o Prêmio Camões. Seu tema é o mar, como o de tantos outros escritores portugueses. “O mar não é só um ligador das coisas tangíveis do cotidiano, é a questão da identidade portuguesa”, fala a doutora, que também afirma que “Camões foi o criador da língua portuguesa, com Os Lusíadas. Antes de Camões a língua era a galego-portuguesa.”
A questão do mar é visível em Pessoa e Sofia, não aquele mar de Camões, o mar de descobrimentos, mas um mar de intercâmbio. Nada mais restava a ser descoberto. O mar como possibilidade de comunicação entre os seres. “A literatura é um diálogo, pois todo mundo lê todo mundo. Depois da Revolução dos Cravos (1974 a 1976) a literatura portuguesa ganha florescimento invejável.”
Silvana explanou sobre Herberto Helder, nascido em Funchal em 23 de novembro de 1930. “Sua poesia é hermética, de incompreensíveis metáforas, apelos sonoros fortes, imagens inusitadas. É poesia na contramão do nosso tempo, para se ler devagar. Ser analisada. Enfim, Portugal é um país de poetas.”
Outro ícone da Literatura Portuguesa Contemporânea é Lobo Antunes. “Ele retrata o caos do cotidiano. Consciências que emergem. Seus textos são poéticos. O romance se dá ao luxo de ser também poesia.”
O nome de José Cardoso Pires, que nasceu em 2 de outubro de 1925, em São João do Peso, e morreu em Lisboa em 26 de outubro de 1998, também foi destacado pela professora da UFMG. “Ele escreveu sobre o homem do povo, sem pretensões”, arremata Silvana Pessoa.



Citações



Ao final da explanação houve debate. Os nomes do diretor do jornal online Fri-Luso, Jorge Vicente (poeta português que reside na Suíça há muitos anos), e Euclides Cavaco (poeta, produtor e locutor há mais de 20 anos na Rádio Voz da Amizade) foram citados por esta articulista e pela presidente da Confraria Cultural Brasil-Portugal, Fátima Quadros. Frisando que poemas destes dois maravilhosos autores que amam a pátria onde nasceram serão recitados durante o encontro da Confraria, na Biblioteca Pública Municipal Ataliba Lago, nesta quarta-feira, 14 de abril. O tema do evento será a Revolução dos Cravos.

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